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Chuvas voltam a cair com intensidade e potencializam transtornos no RS

Por Metropoles, 24/05/2024 08h56
Combinação de frio do Sul e ar quente e úmido do Norte deve piorar cenário. (Foto: Reprodução)
Combinação de frio do Sul e ar quente e úmido do Norte deve piorar cenário. - Foto: Reprodução

Combinação de frio do Sul e ar quente e úmido do Norte deve piorar cenário. Um ciclone extratropical também contribui para severidade.

De quarta para quinta-feira (22 e 23/5), a chuva voltou com intensidade ao Rio Grande do Sul. Houve aumento do nível das águas do Guaíba, e áreas que haviam secado voltaram a ter imóveis alagados. Em Porto Alegre, aulas foram suspensas, e escolas passaram a funcionar como abrigos.

Os volumes de precipitação mais expressivos são impulsionados pela atuação de uma frente fria combinada com uma massa de ar frio de origem polar que contrasta com o ar quente e úmido vindo do Norte.

"O ar frio é mais denso que o ar quente. Logo, quando a massa de ar frio avança em direção a massa de ar quente, o ar quente e úmido tende a subir para níveis mais elevados da atmosfera. Na sequência, este ar expande, por causa da diminuição da pressão atmosférica com a altitude e, então, esfria até condensar, formando nuvens de tempestades", detalha a professora Nathalie Tissot Boiaski, dos cursos de graduação e pós-graduação em Meteorologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

De quinta para esta sexta-feira (24/5), forma-se um ciclone extratropical, na altura da costa gaúcha, conforme divulgado pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Esse fenômeno vai potencializar o contraste entre quente e frio, resultando em tempestades e rajadas de vento que podem chegar a até 80 Km/h.

A chuva que voltou com intensidade nos últimos dias resultou em expressivo volume de água: Rio Pardo (84,6 mm), Jaguarão (61,4 mm) e Capão do Leão (49,8 mm). Alguns municípios da região têm média mensal na casa dos 100 mm.

Durante o dia, a chuva continuou. A estação do Inmet Belém, em Porto Alegre, registrou 137 mm entre as 3h e 19h de quinta. O equipamento de monitoramento pluviométrico do Jardim Botânico apurou 111 mm ao longo do dia.

De volta

Nesta quinta, enquanto os moradores dos bairros impactados pela enchente ainda limpavam o barro e separavam o lixo dos móveis que restavam, a chuva voltou. Eles tiveram de correr para segurar as mobílias que secavam em frente às casas, e novos resgates de animais domésticos foram feitos de maneira emergencial.

Na região central de Porto Alegre, em bairros como Menino Deus e Cidade Baixa, onde a água já havia recuado, o nível novamente subiu. Na zona sul, ruas inteiras ficaram alagadas, com bueiros vertendo água. No bairro Bom Fim, que anteriormente não havia registrado alagamento, foi castigado com pontos de cheia, como na Avenida Oswaldo Aranha, em frente ao Instituto de Educação.

Segundo relatos dos moradores atingidos, o principal motivo foi o acúmulo de resíduos nas bocas de lobo, que impedia a água de descer pela rede de galeria pluvial. Para piorar a situação, das 23 estações de bombeamento, apenas 10 funcionavam à tarde.

O trânsito na cidade sentiu efeito direto da chuva. Com vias reduzidas pela presença da água, o local ficou mais curto para a circulação de carros e transporte público, o que causou lotação de diversas linhas na área central.

Aplicativos de mobilidade urbana registraram preços exagerados e demora para atender aos passageiros. Nos abrigos e nas cozinhas solidárias, houve falta de insumos e voluntários, que não conseguiram chegar ao destino.

Com mais água pelas ruas de Porto Alegre, o prefeito decidiu suspender as aulas até pelo menos esta sexta. As unidades de ensino ficarão abertas e devem funcionar como abrigos.

Em Pelotas, ao sul da capital, o acumulado de chuva da quinta foi mais modesto que nas outras localidades: 28 mm até as 18h. No entanto, a água que caiu a jusante deve chegar à localidade por meio da rede hidrográfica.

Previsão

Um informativo do Inmet prevê a ocorrência de geada em áreas do Rio Grande do Sul no sábado (25/5) e domingo (26/5). Outro alerta do órgão, válido até 18h do domingo, é para declínio de temperaturas de 3°C a 5°C.

Boletim do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IPH-UFRGS) considera que há incerteza em alguns dados, mas prevê que o Guaíba tenha o escoamento afetado negativamente por ventos do sul previstos para esta sexta.

Às 17h, o Guaíba tinha nível de 3,91, mas o IPH prevê elevação para acima de 4m. Além disso, há alerta de que as chuvas do fim de semana devem contribuir para que a cheia seja prolongada.

Fonte: Metrópoles